Passado Presente Futuro

No final de 2009, num jantar na melhor marisqueira da cidade de Lisboa (numa rua onde passa o eléctrico e o apelido é Reis) eu e duas amigas decidimos enumerar as resoluções para 2010, fazendo um balanço de 2009, e decisões consequentes em 2010.

Enumerámos 10 que passaram a 12 no dia 31. O papel usado ainda cheira a marisco ou a búzios, mas foi suficiente para colocar e informar o mundo das nossas resoluções.

Entre o perder peso, poupar dinheiro, que os nossos filhos (os delas!!) nasçam com saúde, um dos meus era apagar fantasmas do passado para poder ser feliz novamente.

Quando escrevi isto a SB rapidamente olhou para mim e disse: "Esquece esse fantasma porque... ". Julgo que já o escrevi em outros posts (A vida continua) mas Angola fez-me equacionar muito o meu passado, o meu presente e o que quero fazer do meu futuro. E é no passado que erradamente perco mais tempo.

Continuo à procura de perceber onde falhei, o que fiz mal para hoje sentir saudade, e esta inquietação não me largar! Sou feliz mas ainda olho para trás. É óbvio que o senso comum diz que não existiram falhas, que foram coisas que aconteceram, que se arrastaram, que não há culpados nem vitimas! Eu, sendo racional, penso que houve um erro total, que se fosse hoje jamais teria desistido do quer que seja, e que talvez hoje não tive conhecido África, mas estaria quieta serena!

Não vale a pena ignorar que existiu uma perda irremediável e eterna!

Beijinho das Áfricas

Sofia

11.01.2010

Data do nosso regresso a Luanda. Desta vez a viagem foi partilhada. Regressámos juntos e não custou tanto como das outras viagens. Como pensei, foram 3 semanas cheias de bons momentos partilhados junto da família e dos amigos de sempre que me receberam de braços abertos e com vontade de me ouvir e de serem ouvidos nas suas histórias, momentos que falhei e que agora me são contados.

Nestas férias, em que estive muito dedicada a estar com todos e mesmo assim não cheguei a todo o lado, conclui que a vida dos nossos amigos, mal ou bem mantém o mesmo ritmo.

Imaginem um gráfico, e imaginem duas linhas, a encarnada é a nossa e a azul a dos amigos. A nossa sobe e desce a dos azuis permanece igual. Isto significa que quando se dá uma mudança como a minha, a nossa vida é que na realidade muda e muda mesmo, e tudo nos acontece, a dos nossos amigos que permaneceram no país, nos seus empregos, nas suas vidas permanece igual.

Não estou a tentar dizer que a vida "deles" se torna monótona, antes pelo contrário, o que quero dizer com isto é que a máxima que sempre tive e "vendi" de que as relações se mantêm quando são alimentadas, trabalhadas e quando ambos querem é a pura verdade.

É importante continuar a sentir que faço parte de alguma coisa! Que apesar de estar em Luanda, a 7h de distância, quando chego "eles" estão lá de braços abertos para me receber.

As amizades devem assim ser cultivadas e alimentadas. Estejam onde estiverem!

Talvez tenha sido afectada pelo espírito natalício (e mais tarde do que o normal) e tenha tido tempo para pensar no lugar que ocupo junto de todos. E ao fim das 3 semanas, a certeza maior é de que não me arrependo de um dia ter aceite este desafio porque irei sempre manter as minhas relações esteja onde estiver, porque sem "ELES" eu não vivo.

Agora mais uma temporada em África.

Beijinho das Áfricas,

Sofia